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AVC – O Que é, Diferenças entre AVC Isquémico e Hemorrágico

Atualizado: 4 de mar.

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo. Representando uma emergência médica grave, o AVC ocorre quando há uma interrupção do fluxo sanguíneo para o cérebro, resultando em danos às células cerebrais. Neste post, vamos explorar o que é o AVC, os diferentes tipos de AVC e as principais diferenças entre o AVC isquémico e o hemorrágico.


O Que é o AVC?

O AVC, também conhecido como derrame cerebral, é uma condição em que ocorre uma lesão cerebral devido à interrupção do fornecimento de sangue ao cérebro. Esse fornecimento de sangue é essencial, uma vez que o sangue transporta oxigénio e nutrientes que as células cerebrais necessitam para funcionar corretamente.

O AVC pode ser classificado em dois tipos principais, conforme a causa subjacente da interrupção do fluxo sanguíneo: AVC isquémico e AVC hemorrágico.


AVC Isquémico

O AVC isquémico é o tipo mais comum, representando cerca de 80% dos casos. Ocorre quando uma artéria que transporta sangue para o cérebro é bloqueada, geralmente por um coágulo de sangue (trombose) ou por um estreitamento das artérias (aterosclerose). Esta obstrução impede que o sangue e o oxigénio cheguem às células cerebrais, causando a morte dessas células.


Causas comuns do AVC isquémico:

  • Aterosclerose (acúmulo de gordura e outras substâncias nas artérias);

  • Embolia (quando um coágulo de sangue se forma em outra parte do corpo e viaja até o cérebro);

  • Fatores de risco como hipertensão, diabetes, tabagismo e colesterol elevado.


Sintomas comuns:

  • Paralisia ou fraqueza num lado do corpo;

  • Dificuldade para falar ou entender a fala;

  • Perda de visão, especialmente num olho;

  • Dor de cabeça intensa e súbita;

  • Tonturas e dificuldade em caminhar;

O tratamento do AVC isquémico pode envolver a administração de medicamentos trombolíticos, que ajudam a dissolver o coágulo, ou, em casos mais graves, intervenções cirúrgicas para remover o bloqueio.



AVC Hemorrágico

O AVC hemorrágico ocorre quando uma artéria no cérebro se rompe, causando hemorragia dentro do cérebro ou nas áreas ao redor dele. Essa hemorragia exerce pressão sobre as células cerebrais, o que pode resultar em danos severos.


Existem dois tipos principais de AVC hemorrágico:

  1. Hemorragia intracerebral: hemorragia ocorre dentro do tecido cerebral.

  2. Hemorragia subaracnóidea: hemorragia ocorre entre o cérebro e as membranas que o cobrem.


Causas comuns do AVC hemorrágico:

  • Hipertensão arterial não controlada;

  • Aneurismas cerebrais (dilatação de uma artéria);

  • Trauma ou lesões no cérebro;

  • Distúrbios de coagulação sanguínea;

  • Uso excessivo de anticoagulantes.


Sintomas comuns:

  • Dor de cabeça intensa e repentina;

  • Náuseas e vómitos;

  • Paralisia ou fraqueza num lado do corpo;

  • Dificuldade para falar ou entender a fala;

  • Confusão mental.


O tratamento do AVC hemorrágico envolve o controlo da hemorragia e a diminuição da pressão intracraniana. Em alguns casos, a cirurgia pode ser necessária para reparar os vasos sanguíneos rompidos.



Diferenças entre AVC Isquémico e Hemorrágico


Apesar de ambos os tipos de AVC resultarem em danos cerebrais, a principal diferença está na causa da interrupção do fluxo sanguíneo:

  • AVC isquémico: ocorre por obstrução de uma artéria (geralmente por um coágulo).

  • AVC hemorrágico: ocorre devido ao rompimento de um vaso sanguíneo e hemorragia subsequente.


As abordagens terapêuticas para os dois tipos de AVC também são distintas. Enquanto o AVC isquémico é tratado com medicamentos para dissolver o coágulo ou, em casos graves, com cirurgia, o AVC hemorrágico exige medidas urgentes para controlar a hemorragia e reduzir a pressão no cérebro.


Prevenção e Cuidados de Enfermagem

Os cuidados de enfermagem desempenham um papel fundamental na recuperação dos doentes que sofreram um Acidente Vascular Cerebral. O enfermeiro deve estar atento a diversas intervenções, tanto no período imediato após o AVC quanto ao longo da reabilitação do doente. Estes cuidados são essenciais para minimizar as complicações, promover a recuperação funcional e melhorar a qualidade de vida do doente.


1. Monitorização dos Sinais Vitais

Após um AVC, é essencial que os sinais vitais do doente sejam monitorizados de forma regular. Isto inclui a verificação da tensão arterial, frequência cardíaca, saturação de oxigénio, temperatura e respiração. A hipertensão é um fator de risco importante, especialmente no AVC hemorrágico, e deve ser controlada para evitar novos episódios.


2. Prevenção de Complicações Respiratórias

Os doentes que sofreram um AVC podem ter dificuldades respiratórias devido à paralisia dos músculos respiratórios ou à incapacidade de manter uma ventilação eficaz. A monitorização constante da saturação de oxigénio e a realização de fisioterapia respiratória, se necessário, são importantes para prevenir complicações respiratórias, como a pneumonia aspirativa, que pode surgir devido à dificuldade de deglutição.


3. Cuidados com a Mobilização e Prevenção de Úlceras de Pressão

Devido à mobilidade reduzida e ao risco de paralisia num dos lados do corpo, a prevenção de úlceras de pressão é uma das principais prioridades. O doente deve ser reposicionado regularmente, de preferência a cada 2 horas, para reduzir a pressão nas áreas de risco, como a região sacral, cotovelos, calcanhares e ombros.

Além disso, o enfermeiro deve estimular a mobilização precoce, dentro das limitações do doente, para melhorar a circulação sanguínea e prevenir complicações musculoesqueléticas, como contraturas.


4. Cuidados com a Nutrição e Hidratação

Muitos doentes que sofreram AVC apresentam dificuldades de deglutição, o que pode resultar em desnutrição e risco de aspiração. O enfermeiro deve avaliar a capacidade de deglutição do doente e, caso necessário, realizar uma avaliação. A alimentação deve ser adaptada às necessidades do doente, e a hidratação deve ser mantida, assegurando que o doente não sofra de desidratação.

Se houver dificuldades significativas de deglutição, pode ser necessário o uso de sondas nasogástricas ou gastrostomia para garantir a ingestão adequada de nutrientes e líquidos.


5. Estimulação da Mobilidade e Prevenção de Atrofias Musculares

A estimulação precoce da mobilidade é fundamental para evitar atrofias musculares e manter a força nas áreas não afetadas pelo AVC. O enfermeiro deve trabalhar em conjunto com a fisioterapia para ajudar o doente a realizar exercícios passivos e ativos de acordo com a sua condição. Exercícios para fortalecer os músculos afetados pela paralisia também devem ser realizados com orientação profissional.


6. Avaliação da Função Cognitiva e Comportamental

Muitos doentes que sofreram AVC experienciam alterações cognitivas, como perda de memória, dificuldade de concentração ou alterações no comportamento. O enfermeiro deve estar atento a sinais de alterações no estado mental e deve promover a estimulação cognitiva através de atividades simples e comunicativas, como conversas, leitura e jogos de memória.


7. Cuidados Psicossociais e Apoio Emocional

O impacto emocional do AVC pode ser significativo. Os doentes podem apresentar sentimentos de ansiedade, depressão e até frustração devido à perda de funcionalidades. O enfermeiro deve oferecer apoio emocional, promover um ambiente calmo e apoiar a adaptação do doente à nova realidade. A participação da família no cuidado do doente e o aconselhamento psicológico, quando necessário, também são aspetos importantes do processo de recuperação.


8. Educação em Saúde e Prevenção de Recaídas

O enfermeiro deve orientar o doente e a família sobre a importância da adesão ao tratamento, incluindo o uso correto de medicamentos para controlar fatores de risco, como hipertensão, diabetes e colesterol elevado. Além disso, deve ser dada ênfase à adoção de um estilo de vida saudável, que inclua a prática de exercícios, uma alimentação equilibrada e a cessação do tabagismo.


Exemplos de orientações incluem:

  • A importância de tomar medicamentos conforme prescrito (principalmente anticoagulantes, anti-hipertensivos e estatinas)

  • A necessidade de monitorizar a tensão arterial e os níveis de glicose e colesterol

  • A importância de evitar fatores de risco, como o consumo de álcool e o tabagismo


9. Acompanhamento e Reabilitação

O enfermeiro deve colaborar com a equipa multidisciplinar, incluindo fisioterapeutas, terapeuta da fala, terapeutas ocupacionais e psicólogos, para garantir um plano de reabilitação eficaz. O objetivo da reabilitação é maximizar a recuperação funcional do doente e ajudá-lo a readquirir a independência nas atividades diárias, como alimentação, vestuário e locomoção.


Conclusão

Os cuidados de enfermagem com doentes que sofreram um AVC são essenciais para a recuperação e a melhoria da qualidade de vida dos doentes. A monitorização constante, a prevenção de complicações e a reabilitação precoce são fundamentais para melhorar os resultados clínicos. Além disso, o apoio emocional e a educação em saúde desempenham um papel crucial no processo de recuperação, prevenindo recaídas e promovendo o bem-estar a longo prazo. A atuação da equipa de enfermagem é, sem dúvida, determinante para a eficácia do tratamento e a qualidade do atendimento prestado ao doente com AVC.



Referências:

American Heart Association (AHA). "Stroke: Types, Symptoms, and Causes."

Sociedade Brasileira de Neurologia (SBN). "Acidente Vascular Cerebral (AVC)."

 
 
 

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