AVC – O Que é, Diferenças entre AVC Isquémico e Hemorrágico
- Diana Fonseca
- 2 de mar.
- 6 min de leitura
Atualizado: 4 de mar.

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo. Representando uma emergência médica grave, o AVC ocorre quando há uma interrupção do fluxo sanguíneo para o cérebro, resultando em danos às células cerebrais. Neste post, vamos explorar o que é o AVC, os diferentes tipos de AVC e as principais diferenças entre o AVC isquémico e o hemorrágico.
O Que é o AVC?
O AVC, também conhecido como derrame cerebral, é uma condição em que ocorre uma lesão cerebral devido à interrupção do fornecimento de sangue ao cérebro. Esse fornecimento de sangue é essencial, uma vez que o sangue transporta oxigénio e nutrientes que as células cerebrais necessitam para funcionar corretamente.
O AVC pode ser classificado em dois tipos principais, conforme a causa subjacente da interrupção do fluxo sanguíneo: AVC isquémico e AVC hemorrágico.
AVC Isquémico
O AVC isquémico é o tipo mais comum, representando cerca de 80% dos casos. Ocorre quando uma artéria que transporta sangue para o cérebro é bloqueada, geralmente por um coágulo de sangue (trombose) ou por um estreitamento das artérias (aterosclerose). Esta obstrução impede que o sangue e o oxigénio cheguem às células cerebrais, causando a morte dessas células.
Causas comuns do AVC isquémico:
Aterosclerose (acúmulo de gordura e outras substâncias nas artérias);
Embolia (quando um coágulo de sangue se forma em outra parte do corpo e viaja até o cérebro);
Fatores de risco como hipertensão, diabetes, tabagismo e colesterol elevado.
Sintomas comuns:
Paralisia ou fraqueza num lado do corpo;
Dificuldade para falar ou entender a fala;
Perda de visão, especialmente num olho;
Dor de cabeça intensa e súbita;
Tonturas e dificuldade em caminhar;
O tratamento do AVC isquémico pode envolver a administração de medicamentos trombolíticos, que ajudam a dissolver o coágulo, ou, em casos mais graves, intervenções cirúrgicas para remover o bloqueio.

AVC Hemorrágico
O AVC hemorrágico ocorre quando uma artéria no cérebro se rompe, causando hemorragia dentro do cérebro ou nas áreas ao redor dele. Essa hemorragia exerce pressão sobre as células cerebrais, o que pode resultar em danos severos.
Existem dois tipos principais de AVC hemorrágico:
Hemorragia intracerebral: hemorragia ocorre dentro do tecido cerebral.
Hemorragia subaracnóidea: hemorragia ocorre entre o cérebro e as membranas que o cobrem.
Causas comuns do AVC hemorrágico:
Hipertensão arterial não controlada;
Aneurismas cerebrais (dilatação de uma artéria);
Trauma ou lesões no cérebro;
Distúrbios de coagulação sanguínea;
Uso excessivo de anticoagulantes.
Sintomas comuns:
Dor de cabeça intensa e repentina;
Náuseas e vómitos;
Paralisia ou fraqueza num lado do corpo;
Dificuldade para falar ou entender a fala;
Confusão mental.
O tratamento do AVC hemorrágico envolve o controlo da hemorragia e a diminuição da pressão intracraniana. Em alguns casos, a cirurgia pode ser necessária para reparar os vasos sanguíneos rompidos.
Diferenças entre AVC Isquémico e Hemorrágico

Apesar de ambos os tipos de AVC resultarem em danos cerebrais, a principal diferença está na causa da interrupção do fluxo sanguíneo:
AVC isquémico: ocorre por obstrução de uma artéria (geralmente por um coágulo).
AVC hemorrágico: ocorre devido ao rompimento de um vaso sanguíneo e hemorragia subsequente.
As abordagens terapêuticas para os dois tipos de AVC também são distintas. Enquanto o AVC isquémico é tratado com medicamentos para dissolver o coágulo ou, em casos graves, com cirurgia, o AVC hemorrágico exige medidas urgentes para controlar a hemorragia e reduzir a pressão no cérebro.
Prevenção e Cuidados de Enfermagem
Os cuidados de enfermagem desempenham um papel fundamental na recuperação dos doentes que sofreram um Acidente Vascular Cerebral. O enfermeiro deve estar atento a diversas intervenções, tanto no período imediato após o AVC quanto ao longo da reabilitação do doente. Estes cuidados são essenciais para minimizar as complicações, promover a recuperação funcional e melhorar a qualidade de vida do doente.
1. Monitorização dos Sinais Vitais
Após um AVC, é essencial que os sinais vitais do doente sejam monitorizados de forma regular. Isto inclui a verificação da tensão arterial, frequência cardíaca, saturação de oxigénio, temperatura e respiração. A hipertensão é um fator de risco importante, especialmente no AVC hemorrágico, e deve ser controlada para evitar novos episódios.
2. Prevenção de Complicações Respiratórias
Os doentes que sofreram um AVC podem ter dificuldades respiratórias devido à paralisia dos músculos respiratórios ou à incapacidade de manter uma ventilação eficaz. A monitorização constante da saturação de oxigénio e a realização de fisioterapia respiratória, se necessário, são importantes para prevenir complicações respiratórias, como a pneumonia aspirativa, que pode surgir devido à dificuldade de deglutição.
3. Cuidados com a Mobilização e Prevenção de Úlceras de Pressão
Devido à mobilidade reduzida e ao risco de paralisia num dos lados do corpo, a prevenção de úlceras de pressão é uma das principais prioridades. O doente deve ser reposicionado regularmente, de preferência a cada 2 horas, para reduzir a pressão nas áreas de risco, como a região sacral, cotovelos, calcanhares e ombros.
Além disso, o enfermeiro deve estimular a mobilização precoce, dentro das limitações do doente, para melhorar a circulação sanguínea e prevenir complicações musculoesqueléticas, como contraturas.
4. Cuidados com a Nutrição e Hidratação
Muitos doentes que sofreram AVC apresentam dificuldades de deglutição, o que pode resultar em desnutrição e risco de aspiração. O enfermeiro deve avaliar a capacidade de deglutição do doente e, caso necessário, realizar uma avaliação. A alimentação deve ser adaptada às necessidades do doente, e a hidratação deve ser mantida, assegurando que o doente não sofra de desidratação.
Se houver dificuldades significativas de deglutição, pode ser necessário o uso de sondas nasogástricas ou gastrostomia para garantir a ingestão adequada de nutrientes e líquidos.
5. Estimulação da Mobilidade e Prevenção de Atrofias Musculares
A estimulação precoce da mobilidade é fundamental para evitar atrofias musculares e manter a força nas áreas não afetadas pelo AVC. O enfermeiro deve trabalhar em conjunto com a fisioterapia para ajudar o doente a realizar exercícios passivos e ativos de acordo com a sua condição. Exercícios para fortalecer os músculos afetados pela paralisia também devem ser realizados com orientação profissional.
6. Avaliação da Função Cognitiva e Comportamental
Muitos doentes que sofreram AVC experienciam alterações cognitivas, como perda de memória, dificuldade de concentração ou alterações no comportamento. O enfermeiro deve estar atento a sinais de alterações no estado mental e deve promover a estimulação cognitiva através de atividades simples e comunicativas, como conversas, leitura e jogos de memória.
7. Cuidados Psicossociais e Apoio Emocional
O impacto emocional do AVC pode ser significativo. Os doentes podem apresentar sentimentos de ansiedade, depressão e até frustração devido à perda de funcionalidades. O enfermeiro deve oferecer apoio emocional, promover um ambiente calmo e apoiar a adaptação do doente à nova realidade. A participação da família no cuidado do doente e o aconselhamento psicológico, quando necessário, também são aspetos importantes do processo de recuperação.
8. Educação em Saúde e Prevenção de Recaídas
O enfermeiro deve orientar o doente e a família sobre a importância da adesão ao tratamento, incluindo o uso correto de medicamentos para controlar fatores de risco, como hipertensão, diabetes e colesterol elevado. Além disso, deve ser dada ênfase à adoção de um estilo de vida saudável, que inclua a prática de exercícios, uma alimentação equilibrada e a cessação do tabagismo.
Exemplos de orientações incluem:
A importância de tomar medicamentos conforme prescrito (principalmente anticoagulantes, anti-hipertensivos e estatinas)
A necessidade de monitorizar a tensão arterial e os níveis de glicose e colesterol
A importância de evitar fatores de risco, como o consumo de álcool e o tabagismo
9. Acompanhamento e Reabilitação
O enfermeiro deve colaborar com a equipa multidisciplinar, incluindo fisioterapeutas, terapeuta da fala, terapeutas ocupacionais e psicólogos, para garantir um plano de reabilitação eficaz. O objetivo da reabilitação é maximizar a recuperação funcional do doente e ajudá-lo a readquirir a independência nas atividades diárias, como alimentação, vestuário e locomoção.
Conclusão
Os cuidados de enfermagem com doentes que sofreram um AVC são essenciais para a recuperação e a melhoria da qualidade de vida dos doentes. A monitorização constante, a prevenção de complicações e a reabilitação precoce são fundamentais para melhorar os resultados clínicos. Além disso, o apoio emocional e a educação em saúde desempenham um papel crucial no processo de recuperação, prevenindo recaídas e promovendo o bem-estar a longo prazo. A atuação da equipa de enfermagem é, sem dúvida, determinante para a eficácia do tratamento e a qualidade do atendimento prestado ao doente com AVC.
Referências:
American Heart Association (AHA). "Stroke: Types, Symptoms, and Causes."
Sociedade Brasileira de Neurologia (SBN). "Acidente Vascular Cerebral (AVC)."
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