Sinais Vitais
- Diana Fonseca
- 2 de fev.
- 7 min de leitura
Atualizado: 7 de fev.

Vamos começar por abordar os sinais vitais, que são indicadores essenciais do funcionamento fisiológico do corpo humano, usados para monitorizar a saúde geral e detetar anomalias. A medição e a interpretação correta destes sinais são fundamentais para o diagnóstico precoce de doenças e condições de saúde.
A literatura científica aponta que os sinais vitais mais importantes são a frequência cardíaca, a tensão arterial, a temperatura corporal, a frequência respiratória, a saturação de oxigénio, a frequência cardíaca e a dor. A seguir, apresentamos um breve resumo de cada sinal vital com base na evidência científica.
Tensão Arterial (TA)

A tensão arterial (ou pressão arterial) é a força que o sangue exerce contra as paredes das artérias à medida que é bombeado pelo coração. Ela é um dos sinais vitais mais importantes e é essencial para a avaliação do estado cardiovascular de uma pessoa. A tensão arterial é composta por duas leituras principais: a tensão arterial sistólica e a diastólica.
Tensão Arterial Sistólica:
A TA Sistólica é a força exercida nas artérias quando o coração contrai e bombeia o sangue para o corpo. Esta medida reflete a pressão nas artérias durante o pico da contração do coração (sístole).
Valores normais da TA sistólica em adultos geralmente estão entre 90 e 120 mmHg.
Tensão Arterial Diastólica:
A TA diastólica é a pressão nas artérias quando o coração está em repouso, entre as contrações (diástole), permitindo o preenchimento dos ventrículos com sangue. Este valor indica a resistência das artérias quando o coração não está se contraindo.
Valores normais de pressão diastólica são entre 60 e 80 mmHg.
Classificação da Tensão Arterial
De acordo com as diretrizes da Direção-Geral da Saúde e da American Heart Association (AHA), a tensão arterial é classificada da seguinte forma:
Hipotensão
Tensão arterial sistólica (TAS) inferior a 90 mmHg ou tensão arterial diastólica (TAD) inferior a 60 mmHg.
Causas comuns: Desidratação; Hemorragia;Insuficiência cardíaca; Uso de terapêutica vasodilatadora.
Sinais e sintomas: Tontura; Desmaio; Fadiga.
Normotensão
TAS entre 90 e 140 mmHg e TAD entre 60 e 90 mmHg.
Indica uma pressão arterial saudável e eficiente para manter a perfusão dos órgãos.
Hipertensão
TAS superior a 140 mmHg e/ou TAD superior a 90 mmHg.
Classificação adicional:
Hipertensão estágio 1: TAS 140-159 mmHg e/ou TAD 90-99 mmHg.
Hipertensão estágio 2: TAS ≥ 160 mmHg e/ou TAD ≥ 100 mmHg.
Crise hipertensiva: TAS ≥ 180 mmHg e/ou TAD ≥ 120 mmHg (emergência ou urgência médica).

De acordo com os valores encontrados, a TA deve ser reavaliada com a seguinte periodicidade:
TA < 130 / 85 mmHg, reavaliar até dois anos;
TA 130-139 / 85-89 mmHg, reavaliar dentro de um ano;
TA 140-159 / 90-99 mmHg, confirmar dentro de dois meses;
TA 160-179 / 100-109 mmHg, confirmar dentro de um mês;
TA ≥ 180 / 110 mmHg, avaliar e iniciar tratamento imediatamente, ou avaliar dentro de uma semana, de acordo com o quadro clínico.
Temperatura Corporal

A temperatura corporal reflete o equilíbrio térmico interno do corpo. Estudos indicam que a temperatura média normal do corpo humano (apirexia) varia entre 35,1 - 37,4ºC. Febre (temperatura acima de 38°C) pode ser um indicativo de infeção, enquanto temperaturas abaixo de 35°C podem ser um sinal de hipotermia. A febre alta é considerada entre os 39,5 - 40,9ºC. Temperaturas superiores a 41ºC são classificadas como hipertermia.
Frequência Cardíaca

A frequência cardíaca (FC) representa o número de batimentos do coração por minuto (bpm). Estudos de referência como os de Katz & Meller (2019) mostram que valores normais em adultos variam entre 60 e 100 bpm em repouso. A bradicardia (menos de 60 bpm) pode ser indicativa de problemas como o bloqueio cardíaco, enquanto a taquicardia (acima de 100 bpm) pode ocorrer em condições como febre, arritmias e insuficiência cardíaca.
Frequência Respiratória
A frequência respiratória (FR) é representada pelo número de ciclos respiratórios por minuto. Estudos revelam que a faixa normal de ciclos respiratórios por minuto (cpm) em adultos varia entre 12 e 20 cpm (eupneia) . FR inferior a 12cpm - Bradipneia e superior a 20 cpm - Taquipneia.
Alterações na FR podem indicar distúrbios respiratórios, como insuficiência pulmonar ou condições cardíacas.
Saturação de Oxigénio (SpO2)

A SpO2 mede a porcentagem de oxigénio ligada à hemoglobina no sangue. De acordo com a pesquisa de Bates et al. (2016), níveis normais de saturação de oxigénio estão entre 95% e 100%.
Em utentes com diagnóstico de Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), as saturações de oxigénio podem variar entre 88% e 92%, o que é considerado um valor relativamente normal.
Saturações de oxigênio inferiores aos valores de referência (geralmente abaixo de 90%) indicam que o corpo não está a receber oxigênio suficiente, o que pode levar à hipoxemia, uma condição potencialmente grave. Nesses casos, é necessário fornecer aporte de oxigénio para garantir que o utente tenha a quantidade adequada de oxigênio no sangue e evitar complicações associadas à falta de oxigênio nos tecidos (hipóxia).
Existem vários fatores físicos que podem influenciar a avaliação da SpO2, o que leva a leituras imprecisas ou alteradas. Alguns desses fatores incluem:
Extremidades Frias - pode diminuir a circulação periférica, afetando a precisão do oxímetro de pulso. Isso ocorre porque a vasoconstrição (estreitamento dos vasos sanguíneos) pode reduzir o fluxo sanguíneo, prejudicando a medição da SpO2,
Má Circulação - condições como doenças vasculares periféricas ou insuficiência cardíaca podem reduzir a perfusão sanguínea nas extremidades, dificultando a medição adequada da saturação de oxigênio. A má circulação pode causar uma leitura incorreta, pois o oxímetro depende da quantidade de sangue arterial pulsante que circula nas áreas onde é colocado.
Hipovolemia - a diminuição do volume de sangue no corpo, como em casos de desidratação ou hemorragia, pode comprometer a perfusão periférica e, assim, interferir nas leituras de SpO2. Em situações de volume sanguíneo reduzido, pode haver uma diminuição da oxigenação nos tecidos periféricos, afetando a precisão do oxímetro.
Unhas de Gel, Unhas Artificialmente Alteradas - como com verniz escuros ou outras substâncias aplicadas nas unhas podem interferir na luz emitida pelo oxímetro de pulso, afetando a precisão da medição. A presença de substâncias que bloqueiam ou distorcem a passagem da luz pode reduzir a capacidade do dispositivo de captar a absorção correta de luz pelas hemoglobinas oxigenadas e desoxigenadas.
Dor

De acordo com a International Association for the Study of Pain (IASP), a dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a dano tecidual real ou potencial. Ela pode ser classificada em aguda e crônica:
Dor aguda: Geralmente de curta duração, relacionada a uma causa identificável, como uma lesão ou infeção. É um alerta para a presença de um problema físico e frequentemente está associada a respostas fisiológicas, como aumento da frequência cardíaca e tensão arterial.
Dor crônica: Persistente por mais de três meses, com frequência sem causa clara ou após o tratamento de uma lesão. Pode ser debilitante e afetar a qualidade de vida de forma significativa.
A avaliação da dor deve ser feita regularmente, utilizando escalas de dor (Ex: Escala Visual Analógica, Escala Numérica de Dor, Escala de Faces,etc.) para medir a sua intensidade e o impacto na função do utente. McCaffery & Pasero (2011) destacam que a dor deve ser abordada como uma experiência subjetiva e única, sendo fundamental que os profissionais de saúde estejam preparados para reconhecer e validar as queixas de dor dos utentes. A avaliação correta da dor é crucial para determinar a abordagem terapêutica adequada e melhorar o conforto do utentes.
A avaliação das Características da Dor deve abranger os seguintes aspetos:
Natureza ou Tipo da Dor: Descrição do caráter da dor, como por exemplo, se é tipo cólica, pontada. Esse aspecto é fundamental para entender o tipo de mecanismo envolvido na dor.
Região e Irradiação: Identificação da área onde a dor está localizada e se há irradiação para outras partes do corpo. Esse dado pode ajudar a determinar a origem da dor e a identificar possíveis condições associadas.
Intensidade da Dor: A intensidade deve ser quantificada utilizando escalas de dor, como a Escala Visual Analógica (EVA) ou a Escala Numérica de Dor. A medição precisa da intensidade é crucial para determinar a necessidade de intervenção e acompanhamento.
Tempo e Duração: Informação sobre o início da dor, o seu tempo de evolução e se é aguda ou crônica. A evolução temporal pode ser indicativa de uma condição subjacente e ajudar a orientar o tratamento.
Fatores Desencadeantes, Agravantes ou de Alívio: Identificação de fatores que podem desencadear, agravar ou aliviar a dor. Exemplos incluem ingestão alimentar (como alimentos gordurosos ou picantes), uso de álcool, ou posição antiálgica (posições que proporcionam alívio da dor).
História de Episódios Semelhantes e Evolução: Levantar informações acerca de episódios anteriores de dor semelhante ao atual, como a dor evoluiu ao longo do tempo e quais os tratamentos que foram aplicados.
Sintomas Secundários: como náuseas, vómitos, diarreia ou hematúria. Estes podem ajudar a identificar comorbidades ou complicações relacionadas à dor.
Os sinais vitais mencionados são monitorizados de forma contínua ou periódica para assegurar que o utente não esteja a suportar um distúrbio fisiológico significativos. A avaliação precisa desses parâmetros é fundamental para possibilitar uma intervenção precoce e otimizar os resultados de saúde.
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Referências:
Katz, R. & Meller, R. (2019). Fisiologia Cardíaca. Elsevier.
Hansen, J. et al. (2019). Diretrizes para o Diagnóstico e Tratamento da Hipertensão. American Journal of Hypertension.
Marieb, E. & Hoehn, K. (2016). Fisiologia Humana. Pearson Education.
Sessa, M. & Schulte, D. (2018). Manejo da Hipotermia. Journal of Clinical Medicine.
Sund-Levander, M. et al. (2002). Avaliação da Frequência Respiratória em Adultos. Scandinavian Journal of Nursing.
Bates, D. et al. (2016). Monitoramento da Saturação de Oxigênio. Respiratory Care Journal.
Whelton, P. K. et al. (2018): 2017 Guideline for the Prevention, Detection, Evaluation, and Management of High Blood Pressure in Adults. Journal of the American College of Cardiology.
Direção-Geral da Saúde (DGS). (2019). Hipertensão Arterial: Definição e Classificação. Norma 020/2011.
Bennett, M. I. (2007). The International Association for the Study of Pain's Definition of Pain. PAIN.
McCaffery, M., & Pasero, C. (2011). Pain Assessment and Pharmacologic Management. Elsevier.
Informação muita sucinta e completa. Obrigada!!